“Eu faço
samba e amor até mais tarde, e tenho muito sono de manhã!” (Chico Buarque)
Ser uma mulher solteira de novo depois de quinze anos (praticamente todos) casada coloca as coisas sob perspectiva. Tempo vivido, tempo passado, tempo ganhado, tempo perdido. Viver sem viver de verdade é perder, tempo e vida.
É claro que eu, uma mulher já caminhando para uma certa maturidade, já não tenho os gracejos dos meus primeiros vinte anos. Mas, ao mesmo tempo, é impressionante como eu tenho todo resto e como eu nem mais preciso de muita coisa externa para ser de fato feliz e livre. Esse pouco que ainda preciso do olhar e do apreço do outro é o tantinho que ainda falta para eu me amar plenamente. Auto amor incondicional, aceitação do meu corpo gordinho, dos meus trejeitos às vezes espalhafatosos, do meu certo estabanamento, das minhas risadas altas... Aceitar as coisas que às vezes os outros veem de bom em mim e eu mesma nem vejo. Aceitar o meu EU integral, porque eu posso ser a mulher que fala bem, escreve bem, passa em concursos, faz mestrado, é interessante intelectualmente e ao mesmo tempo eu ser delicada, feminina, sensual e atraente. Porque dentro de mim mora a donzela, a mãe e a anciã. Dentro de mim há todas as dimensões e todas as facetas, e eu não preciso de ninguém (nenhum homem, sobretudo) para me dizer, ou me fazer mulher de verdade.
O auto amor é a forma mais satisfatória de amor verdadeiro.